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Porque é tão difícil confiar na gente mesmo?

Com certeza alguma mulher aqui já saiu para almoçar com uma amiga e, mesmo doida para comer um bife à parmegiana quando a amiga pediu uma salada, imediatamente mudou de ideia e pediu uma também?


Todos buscam aprovação externa - mesmo que não seja consciente - porém quando começamos a buscar além da aprovação a decisão em outra pessoa, aí acho que tem uma reflexão mais profunda a ser feita.


Trabalhei muitos anos em uma loja de maquiagem e, quando entrei lá não sabia vender e fui aprendendo com meus colegas que já tinham muito mais experiência do que eu. Uma das primeiras técnicas de vendas que eles me ensinaram foi: se a cliente estiver com uma amiga, mostre tudo para a amiga também porque se a amiga gostar, a cliente vai comprar. Na época, dicas como esta foram as que me salvaram e que me ajudaram a bater minhas metas e não perder meu emprego. Mas hoje olho para trás e não só critico este tipo de ideia como também fico triste. Porque precisamos que outra pessoa nos diga o que gostamos? Porque sentimos mais segurança no outro para decidir o que queremos?


Estes dias uma amiga levou a filha ao médico e este disse que a menina teria que fazer um transplante de córnea. Desesperada, a mãe começou a procurar uma segunda opinião já que não concordava com uma criança de 6 anos ter que fazer uma cirurgia dessas. Encontrou um médico bam-bam-bam com não sei quantos anos de experiência, presidente do conselho de não sei o quê e chefe de algum departamento destes hospitais com nome e sobrenome. Ele disse que o caso da filha não era de transplante e que ela poderia ficar tranquila. Pronto, minha amiga relaxou. Mas será que foi porque o médico mais credenciado disse que estava tudo bem ou porque ele simplesmente disse o que ela queria ouvir?


Me pergunto se consideraríamos alguém um expert se ele discordasse do que nossa intuição nos diz. A gente sempre sabe a resposta. Nosso corpo, nossas emoções sempre nos dizem o caminho certo a seguir e, mesmo assim, não nos atrevemos a tomar uma decisão somente com base nisso. Não seria mais fácil primeiro olhar para dentro e depois consultar alguém que estudou aquilo para compartilhar opções e sugestões?


Lá na loja de maquiagem, as clientes entravam e iam direto para onde ficavam os batons. Paravam na frente do mostruário e perguntavam: “Que cor você acha que fica boa em mim? “. A vontade era responder: “Como é que vou saber? “, mas eu tinha que fazer ela acreditar que eu era expert no assunto, então eu dizia algo como “Para você que tem o subtom de pele mais frio e os lábios volumosos, este tom de coral avermelhado ficaria perfeito”. Invariavelmente elas olhavam a cor que eu tinha recomendado e diziam que não, não era o que elas gostavam. Muitas demoravam às vezes quase uma hora para decidir entre minha opinião como maquiadora e como elas queriam se ver no espelho. Porque é tão difícil confiar que a gente sabe o que é melhor pra gente? Porque achamos que nossa intuição não é suficiente?


Tenho certeza que você já sabia que tinha que sair daquele emprego, deixar aquele relacionamento ou não ir naquela festa, mas mesmo assim resolveu insistir porque todos te diziam que deveria fazê-lo. Mas lá no fundo você sempre soube. Continua sabendo e sempre saberá. Escutar a você mesma vai te economizar tempo e estresse. E, quem sabe, aos poucos, já vamos conseguir ir direto na cor de batom que a gente gosta sem perguntas nem rodeios, mas com muita confiança.

 
 

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