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Clareza como fim

Clareza, para mim, é a última parte do processo.


Ninguém já começa com a clareza. a gente começa com uma ideia, um sentimento, uma visão, uma vontade. E quando agimos concretamente para avançar nesta direção é que vamos tendo clareza.


Na minha carreira anterior eu tinha um sonho: ser Gerente de Treinamento Regional e cuidar de toda a América Latina. Participei de um processo e não fui escolhida porque não estava pronta, mas continuei trabalhando para este objetivo. Na segunda tentativa, anos depois, passei. E sabe o que aconteceu 6 meses depois que assumi este tão sonhado cargo? Desmotivei.


Não tinha nada de errado com o cargo, nem com a empresa ou com as pessoas. Tá bom, talvez um pouquinho, rs, mas o problema não era esse. O problema é que ao chegar ali e começar a executar aquele trabalho eu percebi que não era o que eu queria. No tempo em que me preparei para esta vaga comecei a me interessar muito pela área de vendas. Mas como sou determinada e extremamente focada nem pensei em mudar de rumo. Foi só quando consegui meu objetivo e desempenhei aquela função que percebi que queria outra coisa.


A clareza só vem quando colocamos a mão na massa. Clareza não vem do pensamento, do sonho e muito menos da idealização.


No meu método eu falo em transparência que é o processo para chegar na clareza. Transparência é tirar da frente aquilo que não te permite ver a paisagem nitidamente. É sobre questionar, eliminar dúvidas, experimentar, perceber, observar e intuir. Por isso não se sinta pressionado se você ainda não tem respostas – o mais importante é saber quais perguntas fazer.


Se volto mais atrás ainda na minha experiência profissional lembro de quando estava fazendo orientação vocacional, um presente que meu pai havia me dado depois que disse que queria largar meu emprego estável em uma multinacional para trabalhar com maquiagem. Eu não tinha ideia do que queria fazer, só sabia que não gostava do meu trabalho e que adorava maquiagem e algo dentro de mim me dizia que eu deveria seguir meu coração.


A terapeuta, especialista em recrutamento e seleção para indústrias, estava mais perdida do que eu. Ela havia trabalhado com meu pai e disse que me ajudaria. Boa vontade ela tinha de sobra, mas conhecimento do mercado que eu queria entrar, nenhum. Depois de algumas sessões eu sai de lá com um plano bem claro do que queria e foi este plano que eu materializei nos 18 anos que trabalhei com maquiagem.


Eu era recém-formada em Economia e estava infeliz. Ela me deu uma folha em branco, pediu que a dividisse na metade e me pediu que desenhasse do lado esquerdo o que eu gostava nesta área e do outro o que não gostava. Na esquerda desenhei um pregão, cheio de gente. Na direita uma mesa e um computador.


Em seguida me pediu fazer a mesma coisa com maquiagem. Do lado esquerdo desenhei os bastidores de um desfile de moda e do outro um maquiador.


Então ela juntou os dois desenhos do que eu mais gostava e me perguntou se eu percebia alguma semelhança. Eu queria trabalhar com gente, com agito, com movimento. E estava claro que o que menos gostava em qualquer uma das duas opções era estar sozinha.

O próximo passo era entender o que seria possível fazer no ramo da maquiagem. Poderia trabalhar em um salão de beleza, ser maquiador autônomo, trabalhar em moda, publicidade ou cinema. Eu não sabia o que mais existia e nenhuma destas opções me apetecia. Eu também não conhecia essa área e estava tão perdida quanto ela. Foi então que eu disse: “Eu não sei o que quero fazer, só sei que quero trabalhar com maquiagem, mas não quero estar só maquiando o dia inteiro”.


As vezes a clareza vem assim, do jeito como sair, do jeito como a gente está pensando, sem formato nem estrutura. Não é preciso conhecimento vasto do assunto nem explorar tudo o que existe, basta olhar para dentro e escutar.


Não saber é uma maneira de saber.

 
 

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